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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Como não se tornar um crítico ?

De uns tempos pra cá tenho me preocupado muito com meu senso crítico, pois dificilmente assisto algum espetáculo que me agrada. Sempre tem algo que me incomoda muito, que eu acho não é bom... Isso é natural quando se assiste muita coisa...
O senso crítico se desenvolve naturalmente, e mesmo que um espetáculo não seja bom, ainda assim vale a pena assistir e saber o porque não é bom, assim que se aprende a fazer teatro. No começo gostamos de tudo o que vemos... Pois é magico assistir teatro, assim como cinema, televisão, literatura, artes plásticas, música e qualquer tipo de manifestação artística... A gente muitas vezes gosta de tudo o que conhece pois não conhece mesmo muita coisa... Então cabe na nossa cabeça todo tipo de informação que chega... Por isso, a falta de senso crítico não é culpa nossa, nem dos nossos pais, enfim a culpa é do planeta em que a gente vive, que enfia a cultura de massa na nossa cabeça e nos faz ter preguiça de buscar algo mais interessante, pois acreditamos que só é bom aquilo que chega pra gente, é um círculo vicioso que sugere uma discussão mais profunda...
Mas, voltando ao assunto, hoje eu gostaria de falar da outra face do problema... Quando se vê coisas demais, e passa não achar graça naquilo, percebe-se que as receitas se repetem, que o trabalho não é levado a sério, ou mesmo que simplesmente não agrada, mesmo que tudo esteja correto... É um risco que se corre quando se escolhe uma profissão, você pode não ser um bom profissional, mas aprende a avaliar os outros rapidinho... O problema é que aquilo que você mais gostava, começa a não ser mais tão emplogante, pois você já se acotumou e percebe que todos tem dificuldades como você...
Estava difícil me emocionar ou me divertir com um espetáculo ultimamente... Mas ontem eu vi algo que me deixou realmente aliviada. Um espetáculo de bonecos chamado "Zero" da Cia. Mevitevendo, no Sesc de Rio Preto, que era simplesmente lindo! Grandes atores, bonito cenário, bom figurino, bonecos lindos, trilha delicada, um espetáculo de muita sensibilidade! Márcia Adriana Fernandes Silva e Cleber Pereira Laguna estão de parabéns pela responsabilidade em optar por Teatro de Animação e por Teatro para Criança, e fazer isso com maestria, sem cair nos clichês destas duas vertentes tão marginalizadas por profissionais incompetentes que optam por elas justamente por não saber o quanto são difíceis de fazer. Pois então, graças ao espetáculo da Mevitevendo, eu me lembrei o porquê de escolher esta profissão... É porque apesar de tudo, ainda existem profissionais como estes, que levam a coisa a sério, que trabalham com prazer, que emocionam o seu público, que respeitam o seu público por saber que ele é parte fundamental no processo de criação, e porque antes de gostar de ser atriz, eu gosto de ser público!

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